domingo, 20 de fevereiro de 2011

Governo participa de lançamento das obras do Terminal da Ferronorte em Itiquira; Maior preocupação é com trecho até a Capital


Gabriela Galvão especial de Itiquira
Site VG Notícias

O lançamento das obras do terceiro terminal da Ferrovia senador Vicente Vuolo, (Ferronorte) foi na manhã deste sábado (19.02), em Itiquira (357 km de Cuiabá). O evento foi concorrido e contou com a presença do governador Silval Barbosa (PMDB), senadores Blairo Maggi (PR), e Pedro Taques (PDT), deputados federais e estaduais, empresários, prefeitos e secretários de Estado.

Porém, apesar do aparente contentamento das autoridades com o "ponta pé" inícial ao desenvolvimento da região, bem como de todo estado, um assunto que fez parte de quase todos os discursos foi a importância de preservar a vontade política - principalmente em relação ao trecho da ferrovia que liga Rondonópolis (212 Km de Cuiabá) a Capital.

O primeiro a levantar o assunto foi o filho do homenageado com a ferrovia, secretário extraordinário de Acompanhamento de Logística Intermodal de Transportes, Francisco Vuolo (PR), pedindo a bancada federal e aos senadores que pensem no fato de que até Rondonópolis a ferrovia já está definida - sendo construída pela América Latina Logística (ALL) - no entanto, de Rondonópolis em diante não está mais nas mãos da ALL. "Pesso que essa obra seja inserida no Plano Plurianual (PPA) do governo. São cerca de R$ 800 milhões que precisam ainda da colocação de recurso do governo Federal. Hoje é vontade e decisão de viabilidade econômica , mas a continuidade depende da vontade política e da inserção no PPA".

O senador Pedro Taques (PDT) disse que, apesar de não ter participado das discussões até a chegada da ferrovia em Itiqueira, irá trabalhar para que os trilhos cheguem a Rondonópolis e Cuiabá. "Muitos dizem que não tem viabilidade econômica, mas a ferrovia pode trazer essa viabilidade. Precisamos resolver de uma vez por todas a questão da logística do Estado e independente de partido e coligação, firmo o compromisso de lutar em Brasília (DF), para que esse sonho se torne realidade".

Da mesmo opinião é o senador Blairo Maggi (PR). "Nós no Senado, temos que ter o compromisso de levar adiante a ideia de vários políticos e empresários que passaram por aqui. Estamos vendo Mato Grosso se transformar e se mesmo sendo um dos piores Estados do país em logítica, conseguimos levar e trazer o que produzimos, não tem como pioroar e imaginem o nosso futuro. Saímos de um patinho feio para um cisne e a vontade política tem que prevalecer para que seja dado continuidade. A presidente Dilma Rousseff (PT) já está conversando sobre isso e é um compromisso".

De acordo com o governador Silval Barboa, o governo irá trabalhar para deixar o orçamento previsto. "Vamos trabalhar para que a ferrovia esteja em Cuiabá até 2014. Vamos lutar por recursos não só do governo Federal, mas também de parcerias. Estamos construindo o desenvolvimento de Mato Grosso, há 30 anos havia pouco desenvolvimento e poucos produtores e agora, com a vontade política e os produtores, estamos conseguindo consolidar não só a Ferronorte, mas a Ferrovia Centro Oeste e todas as rodovias, MTs, além da Hidrovia. O ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva e a presidente Dilma já tinham assumido esse compromisso e vamos conseguir".

O terminal - O terminal de Itiquira será construído em uma área de 70 hectares – doada pela Prefeitura do município, como forma de incentivo – e terá 6 km de extensão. A obra vai gerar 210 empregos diretos, nas áreas de manutenção, operadores, maquinistas. O terminal vai movimentar – quando concluído – o equivalente a 2,5 milhões de toneladas de grãos ao ano e outros produtos derivados ou não da soja, etanol, algodão e madeira de reflorestamento.

Segundo o governador, o lançamento das obras do terceiro terminal da Ferrovia senador Vicente Vuolo abre novas perspectivas para a chegada da estrada de ferro a Cuiabá em 2014. No entanto, Silval ressaltou que vai precisar de muita união dos políticos e muito empenho e discussão para que a Ferrovia chegue realmente a Capital mato-grossense. A obra foi idealizada pelo falecido senador Francisco Vuolo há 36 anos.

A previsão é que a estação de Itiquira esteja finalizada em agosto deste ano e o próximo passo será o trecho até Rondonópolis (212 km ao Sul de Cuiabá), previsto para agosto de 2012.

Segundo a América Latina Logística (ALL), concessionária da Ferrovia senador Vicente Vuolo no Estado de Mato Grosso, as obras do projeto de expansão da Malha Norte estão em estágio avançado, com cerca de 120 Km em obras, sendo que desse trajeto, 95 Km de infraestrutura já se encontram concluídos e mais de 20 Km de superestrutura (dormentes e trilhos) já foram executados.

O projeto de expansão é dividido em três etapas. A primeira tem aproximadamente 13 Km, a segunda mede 162 Km e a terceira é de 75 Km. O Ibama já liberou duas das três etapas que somam 175 Km do total de 250 Km. As obras se aproximam da comunidade de Mineirinho, entre Itiquira e Rondonópolis.

A ferrovia: Ferronorte, ou Ferrovia Norte Brasil, é uma empresa criada pelo empresário Olacyr Francisco de Moraes, o ex-rei da soja, com o propósito de ligar Porto Velho (RO) e Santarém (PA), passando por Cuiabá, e interligando-se à Fepasa (Ferrovias Paulistas S/A), em Santa Fé do Sul (SP) e, a partir desta, atingindo o Porto de Santos.

A ferrovia é uma concessão federal, por 90 anos, inicialmente concedida à empresa privada Ferronorte S.A. A ideia da construção de uma ferrovia interligando o Centro-Oeste ao Sudeste do País foi proposta por Euclides da Cunha, em 1901.

Em 1975, Vicente Vuolo, pai de Francisco Vuolo e então deputado federal por Mato Grosso, apresentou projeto de lei para inclusão no Plano Nacional de Viação de ligação entre São Paulo e Cuiabá.

O traçado da nova ferrovia partiria de Rubinéia (SP), passando por Aparecida do Taboado (MS), Rondonópolis e atingiria Cuiabá, conforme a Lei 6.346 de 6 de julho de 1976.

Em 19 de maio de 1989, foi assinado o contrato de concessão da ferrovia e, após inúmeros adiamentos, foram iniciadas as obras do trecho Santa Fé do Sul (SP)-Alto Araguaia, em 1991. Estas foram concluídas em 1998, quando o trecho passou a entrar em operação.

Foi criada, em julho de 1998 a holding Ferropasa, empresa que controlava as ferrovias Ferronorte e Novoeste. Em novembro de 1998, a Ferropasa fez parte do grupo vendedor do leilão da Malha Paulista (ex-Fepasa), que passou a ser denominada Ferroban.

Posteriormente, foi criada a holding Brasil Ferrovias, que congregava a operação da Novoeste, Ferronorte e Ferroban.

Em 2006, o controle do Grupo Brasil Ferrovias foi assumido pela América Latina Logística (ALL) e a Ferronorte passa a ser nomeada como América Latina Logística Malha Norte S.A., após aprovação em 6 de agosto de 2008 pela ANTT (Deliberação 289/08).

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