quinta-feira, 28 de julho de 2005

Para Mantega, Rima cabe à Ferronorte


EDUARDO GOMES
Da Reportagem Diário de Cuiabá
Em busca de financiamento de R$ 2 milhões para a ONG Instituto Terra Brasilis elaborar o EIA/Rima para o trecho de 210 km da Ferronorte entre Mineirinho (de Rondonópolis) e Cuiabá, representantes do “Fórum Pró-Ferrovia para Cuiabá” foram ao presidente do BNDES, Guido Mantega, na segunda-feira passada e voltaram de mãos vazias. Mantega explicou que o BNDES é acionista da ferrovia e tem interesse em sua conclusão, mas que cabe a Ferronorte contratar empresa para a elaboração do EIA/Rima. “Esse assunto (o documento) estará na pauta do Conselho de Administração da ferrovia, em agosto”, revelou o presidente do fórum, vereador por Cuiabá, Francisco Vuolo (PPS). O teor do encontro com Mantega foi tema de uma coletiva concedida ontem por integrantes do fórum, na OAB em Cuiabá. Na conversa com os jornalistas Vuolo defendeu a manutenção do “traçado original entre Mineirinho e Cuiabá” e avaliou que em quatro anos os trilhos chegarão a Rondonópolis, e em seis ou oito anos, “o trem apitará em Cuiabá”. A Ferronorte revelou que o EIA/Rima é parte do projeto para a consolidação da obra de sua concessão de 90 anos – em vigor desde 1989 – para ligar Cuiabá ao porto de Santos. A bandeira do EIA/Rima é justa, mas tem apelo político. Reiteradas vezes a Ferronorte sustentou que além da obrigação constante nos termos da concessão da linha férrea, de estender os trilhos até Cuiabá, ela vê “como bom negócio” o mercado de movimentação de cargas diversas em Cuiabá. Em agosto de 2002 os trilhos da Ferronorte chegaram a Alto Araguaia (450 km ao sul de Cuiabá). Desde então a obra está paralisada embora o rito burocrático para a continuidade da construção do trecho de 200 km até Rondonópolis tenha sido cumprido. Desde 99, quando entrou em operação a ferrovia registra aumento anual no transporte de cargas. Começou com 400 mil toneladas (t). No ano passado suas composições movimentaram 5,7 milhões de t e neste ano a meta é 7,3 milhões, com o complexo soja respondendo por 49% e o combustível para a base de petróleo de Alto Taquaris por 15%. A construção do trecho de Aparecida do Taboado (MS) a Alto Taquari, os terminais de embarque, a aquisição das ferrovias e vagões deixaram a Brasil Ferrovias – dona da Ferronorte – encalacrada de dívidas. A um passo da bancarrota ela foi salva por uma injeção financeira de R$ 900 milhões do BNDES, que transformou parte de seu crédito com a companhia em ações. De credor a sócio, o banco tornou-se peça importante para que o transporte ferroviário em Mato Grosso não descarrilasse. Parte da injeção do BNDES será aplicada na restauração e modernização do trecho paulista de 900 km da ferrovia, na construção de um terminal de granéis para 7,5 milhões de t em Guarulhos, obras que serão concluídas até 2007, o que permitirá dobrar o volume transportado e criar condições financeiras para os trilhos avançarem para Cuiabá.