segunda-feira, 3 de maio de 2010
Mobilização retomada
MARCONDES MACIEL
Da Reportagem - Diário de Cuiabá
O Fórum Pró-Ferrovia em Cuiabá retomou ontem, de forma contundente, a mobilização pela construção dos trilhos da Ferrovia Senador Vuolo até à Capital do Estado. O movimento, que prevê ampla ação popular - com panfletagem e manifestos nas ruas, coleta de assinaturas e até a formação de uma “locomotiva” de mensagens no site do fórum, lançado ontem – aprovou “medidas de choque” voltadas à defesa intransigente da ferrovia em Cuiabá, como a inserção da obra no PAC 2, a definição do prazo para a construção do trecho Rondonópolis-Cuiabá e até o lançamento de uma nova licitação para a obra, com quebra de contrato da América Latina Logística (ALL), detentora da concessão para a exploração ferroviária por 90 anos.
O movimento “Acorda, Cuiabá!” foi lançado ontem à tarde, no auditório da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), com a presença de lideranças empresariais e entidades organizadas da sociedade, que integram o Fórum Pró-Ferrovia. Após o evento, os integrantes do fórum percorreram ruas de Cuiabá divulgando a mobilização, fazendo panfletagem e iniciando a coleta de assinaturas. No final da campanha, o Fórum encaminhará um documento ao presidente Lula.
Segundo o coordenador do fórum, vereador Francisco Vuolo, as mensagens que estão sendo inseridas na “locomotiva” do site e o abaixo-assinado são “instrumentos públicos” de vontade popular que irão respaldar a decisão do governo federal em relação à continuidade da obra.
“Vamos exigir que a ALL defina um prazo para a chegada da ferrovia até Cuiabá”, disse Vuolo. A expectativa do fórum é de que os trilhos cheguem à Capital no máximo até 2014. A obra está em construção no trecho entre Alto Araguaia a Rondonópolis, devendo ser concluída até 2012. Para tanto, o governo federal aprovou a inserção do trecho no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 1), no valor de R$ 691 milhões. Esta verba garante também a elaboração do EIA/Rima (Estudo e Relatório de Impacto Ambiental) até Cuiabá. O Fórum vai lutar para que o trecho Rondonópolis-Cuiabá, com custo estimado de R$ 700 milhões, seja incluído no PAC 2.
“Se esta inclusão não acontecer e a ALL não estipular um prazo para chegar a Cuiabá, vamos pedir a quebra do contrato com a empresa concessionária e a realização de uma nova licitação para a construção do trecho”, afirma Vuolo.
Ele explicou que o movimento é para que o governo federal se posicione em relação à continuidade da ferrovia, que já está com suas obras garantidas até Rondonópolis. “A passagem por Cuiabá é obrigatória, conforme determina a legislação, e está prevista no Plano de Aviação Nacional aprovado em 1976”, defende o coordenador do Fórum.
Vuolo diz que a ferrovia é estratégica para o desenvolvimento de Mato Grosso e defende o avanço das obras até Santarém (PA) e Porto Velho (RO), numa extensão total de 5 mil quilômetros desde Aparecida do Taboado (SP). A ferrovia transporta atualmente cerca de 13 milhões de toneladas de grãos a partir dos terminais de Alto Araguaia e Alto Taquari.
Segundo ele, as potencialidades econômicas de Cuiabá justificam a chegada dos trilhos até à Baixada Cuiabana. “Temos grandes indústrias de esmagamento de soja, contamos com sete fábricas de ração, indústrias de transformação, fábricas de refrigerante, estação aduaneira e um parque moveleiro muito forte. Cuiabá não pode ficar sem a ferrovia”.
A obra, chegando a Cuiabá, vai beneficiar toda a Baixada Cuiabana, como Barão de Melgaço, Santo Antônio de Leverger, Cuiabá, Livramento, Acorizal, Jangada e Poconé, além da Grande Cáceres.
“O Fórum chama à responsabilidade todos aqueles que desejam ver o progresso da nossa região. Por enquanto, o trecho que liga Rondonópolis a Cuiabá está foram do PAC 2. Com isso, a Baixada Cuiabana e Cáceres podem sofrer com o isolamento nos próximos anos”, alerta Vuolo.
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