LAÍS COSTA MARQUES
REPORTAGEM LOCAL
Jornal Folha do Estado
O Fórum Pró-Ferrovia Senador Vicente Vuolo, a Ferronorte, lançou uma campanha para pressionar o governo federal a estabelecer limites no contrato de concessão da América Latina Logística (ALL), que detém os direitos de operar e construir novos trilhos para a ferrovia. A campanha uniu representantes do setor industrial (Fiemt), do comércio (CDL) e do agronegócio (Aprosoja e Famato), ontem (3), na Câmara de Dirigentes Logistas (CDL), para mobilizar a população e tentar a entrada da construção dos trilhos de Rondonópolis até economia Preço final de produtos poderia reduzir até 25% As mercadorias chegariam ao consumidor final até 25% mais baratas se fosse adotado o transporte ferroviário nas importações e exportações. A estimativa é feita pelo Conselho Regional de Economia de Mato Grosso.
A redução de preço seria consequência dos custos com o transporte, que chegariam a ser 50% menores do que o transporte rodoviário. O presidente do Conselho, Aurelino Levy Dias de Campos, explicou que com a ferrovia o comerciante gastaria a metade do que é empregado hoje no frete. Além disso, estimularia a competitividade e os preços rodoviários poderiam cair.
No escoamento de produção, o presidente da Fiemt, Jandir Milan, reforçou que a ferrovia iria abrir possibilidades para que indústrias daqui vendam para todo o país e com isso mais indústrias se instalariam no Estado. “Não estamos pensando somente no escoamento da soja em grão, mas nas fábricas que viriam para cá processar este grão e exportá-lo com valor agregado”, fala Jandir. Levy afirmou que a ferrovia está sendo desviada de Cuiabá há muito tempo. Segundo o economista, desde a construção da ferrovia Noroeste, que deveria vir para Cuiabá ao invés de Campo Grande, manobras políticas desviam os trilhos da capital matogrossense.
“Temos que ficar de olhos abertos. Era para o trecho entre Rondonópolis e Cuiabá estar no PAC
2 e colocaram a Ferrovia Norte-Sul no lugar”, exemplificou.
TRANSPORTE
90 anos é a duração do contrato de concessão da ALL para exploração do modal Cuiabá no orçamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2).
A campanha “Acorda, Cuiabá” visa reunir o maior número de assinaturas para sensibilizar os poderes públicos. Segundo o presidente do Fórum, Francisco Vuolo, a prioridade é resolver os embates com a ALL. Para ele, ou o governo insere um termo aditivo no contrato estipulando
um prazo para a chegada dos trilhos até Cuiabá ou faz com que a empresa abra mão da concessão e inicie outro processo de licitação a tempo de incluir o projeto no PAC 2. “Uma concessão pública tem que atender aos interesses da população, se mostrarmos a importância da Ferronorte para
Cuiabá o governo pode intervir. A mudança em leis depende de vontade política”. Vuolo negou que haja algum interesse no cancelamento do contrato de concessão da ALL, que tem 90 anos de duração, ao mesmo tempo em que admitiu que a Valec, empresa pública de construção de ferrovias, demonstrou interesse na obra. “A Valec não só manifestou interesse como já se encontrou com o ex-governador Blairo Maggi para discutir o assunto”, disse Vuolo.
A ALL se manifestou por meio de nota à imprensa e afirmou que detém os direitos para construir até Santarém (PA) e que o cancelamento ou alterações de contratos não foram feitos e dependem de acordo entre concessionária e a Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT).
O presidente da Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt), Jandir Milan, disse que os impactos seriam muitos positivos se os trilhos chegassem até aqui. “As indústrias voltadas ao mercado local poderão exportar sua produção com preços mais competitivos”. Antes de procurar o governo federal, o Fórum Pró-Ferrovia vai pedir uma audiência com o governador Silval Barbosa para que ele intervenha e providencie o encontro com o Ministério dos Transportes.
Ainda não há previsão de datas.