* ONOFRE RIBEIRO é articulista do Diário de Cuiabá e da Revista RDM
Na última sexta-feira, o vereador cuiabano Francisco Vuolo, reuniu um grupo de jornalistas para falar sobre o projeto da ferrovia. A conversa girou em torno dos dois trechos: de Alto Araguaia a Rondonópolis, e daí a Cuiabá. É a continuidade de um ideal iniciado lá por volta de 1974, pelo deputado federal e mais tarde senador, Vicente Vuolo. A ferrovia veio de Rubinéia (SP) e teve uma longa parada em Alto Taquari (MT), de onde estendeu-se por mais 60 km até Alto Araguaia onde está paralisada. Cabe aqui um comentário sobre a importância da ferrovia para a macroeconomia. Alto Araguaia era uma pequena cidade, herdeira de uma economia garimpeira que durou até os anos 80, e de uma pecuária extensiva tradicional. Depois do terminal ferroviário, grandes armazéns e atividades conexas fizeram a cidade dar um enorme salto que a tornaram irreconhecível em menos de 10 anos. O trecho ate Rondonópolis está com a engenharia financeira aprovada, mas a pendência está na licença ambiental de instalação do canteiro para o início das obras. O impedimento tem sido esse, já que o Ibama é o conhecido emaranhado de descompromisso com a realidade do país. A licença já havia sido expedida anteriormente, mas por falta de recursos da Ferronorte, a concessionária anterior, as obras não andaram. No ano passado, um compromisso assinado pela América Latina Logística – ALL, a atual concessionária, acertou-se que a ferrovia chegaria em Rondonópolis em 2010. Mas as obras não começaram por causa da licença que o Ibama não expediu. Em recente encontro em Brasília, entre parlamentares, o governador e o Fórum Pro-Ferrovia, o Ibama prometeu expedir a licença em 30 dias. E a ALL prometeu começar a obra imediatamente porque já tem o canteiro pronto. Uma vez chegando em Rondonópolis, começariam as discussões para o trecho até Cuiabá, de onde, pelo projeto original, no futuro os 5 mil km seguirão na direção norte margeando a rodovia Cuiabá/Santarém, e a noroeste para Porto Velho, cortando o Chapadão dos Parecis ali por Tangará da Serra, Campo Novo do Parecis e Sapezal. O Fórum está preocupado com a possibilidade de desvios da ferrovia de Rondonópolis para o Araguaia com outras conexões, por exemplo, a leste e oeste indo terminar em Porto Velho. Para ilustrar a importância de Cuiabá, o presidente do Fórum mostrou números para provar que a capital é a locomotiva da economia do estado. A arrecadação de ICMS de Cuiabá em 2006 foi de R$ 1,352 bilhão, contra a soma de R$ 443 milhões, de Primavera do Leste (R$ 26,5 milhões), Sorriso (R$ 26,6 milhões), Sinop (R$ 68,2 milhões), Rondonópolis (R$ 104,2 milhões) e Várzea Grande (R$ 216,8 milhões). O próximo passo da luta pela extensão dos trilhos até Cuiabá, envolve duas ações: 1 - manter a população e a economia motivadas, e 2 - incluir no PAC a obra, para que ela seja contemplada financeiramente em algum momento. Está certo o Fórum, até porque, lembrando uma frase do então senador Vicente Vuolo, na década de 80: “Mato Grosso poderá se tornar no futuro, um grande produtor de grãos”. Essa etapa já passou em exatos 30 anos. A chegada da ferrovia a Mato Grosso também já se concluiu e até Rondonópolis está prestes a se realizar. Portanto, o sonho de chegar até Cuiabá pode ser apenas mais uma etapa do sonho que já foi muito maior.
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