A América Latina Logística (ALL) está ampliando os polos de captação de carga destinada à exportação, sobretudo carne frigorificada, no interior de Mato Grosso, Paraná e Rio Grande do Sul. O negócio, feito em parceria com operadores logísticos, consiste em instalar terminais intermodais que captam produtos de empresas como Sadia e Perdigão, mas também de clientes de outros setores, como papel e madeira. A carga é escoada em contêineres, via ferroviária, até os principais portos do país - Santos, Paranaguá e Rio Grande.
No momento, a ALL e diferentes operadores logísticos implantam novos terminais de contêineres para exportação em Alto Taquari (MT), Ponta Grossa e Telêmaco Borba, no Paraná, e em Cruz Alta (RS). O investimento é dos operadores. A ALL investe na compra de vagões em conjunto com eles para atender o serviços contratados pelos clientes. Na construção dos quatro terminais e na compra de 500 vagões ferroviários estão sendo investidos cerca de R$ 55 milhões, diz Sérgio Nahuz, diretor de produtos industrializados da ferrovia.
Do valor total, R$ 30 milhões correspondem a aporte dos operadores nos quatro terminais e R$ 25 milhões da ALL nos vagões, que inclui recursos dos parceiros, diz Nahuz. Em Ponta Grossa, a parceria é com a Martini Meat. Já em Telêmaco Borba, as negociações estão em andamento para atender o transporte de madeira e bobinas de papel da Klabin.
Segundo Nahuz, as cargas em contêineres transportadas pela ALL cresceram quase 50% no primeiro semestre do ano sobre o mesmo período de 2008. Foi o segmento que mais cresceu, disse. Em 2009, a empresa deverá duplicar o volume de contêineres transportados. A meta da ALL, uma ferrovia de carga geral, é transformar os contêineres em uma de suas principais cargas. Daí a importância em criar novos terminais.
Os polos ferroviários de captação de carga no interior do Brasil permitem que uma parte dos produtos migre do caminhão para o trem. O movimento pode contribuir para desafogar um pouco o fluxo de caminhões para os portos e para reduzir os preços dos fretes em relação ao tráfego rodoviário.
Os quatro novos terminais de exportação somam-se a outros quatro polos do gênero em operação há mais tempo situados em Cascavel e Cambé, no Paraná, em Paulínia (SP) e Esteio (RS). Esses quatro terminais, com exceção de Paulínia, são operados em parceria com a Standard Logística. No caso de Paulínia, o acordo é com a belga Katoen Natie. Dos quatro, o de maior fluxo é o de Cambé, que escoa mil contêineres/dia pela malha da ALL até o Terminal de Contêineres de Paranaguá (TCP).
Juarez Moraes e Silva, diretor-superintendente do TCP, disse que de janeiro a junho deste ano o terminal movimentou 310 mil TEUs (contêiner equivalente a 20 pés), dos quais 6,5 mil (2% do total) foram movimentados por trem. O resto foi via caminhão. É uma parcela pequena mas que está crescendo. A previsão é que até o fim de 2009 a ferrovia responda por 3% do total movimentado no TCP. O modal ferroviário desafoga o porto e reduz custos de frete, diz.
Fomos os primeiros parceiros da ALL a acreditar na ferrovia para o transportar carga frigorificada, acrescenta José Luis Demeterco Neto, presidente da Standard Logística. Ele diz que a empresa investiu cerca de R$ 70 milhões para montar os terminais dedicados à operação em parceira com a ALL, com recursos próprios e financiamentos. O contrato mais recente com a ALL foi fechado para criar um terminal em Cruz Alta, no qual deverá ser aplicado R$ 1 milhão para escoar cargas em Rio Grande.
Com início da operação prevista para o fim de agosto, o terminal de Cruz Alta irá atender clientes do noroeste do Rio Grande do Sul e extremo oeste de Santa Catarina. São cargas que hoje seguem por caminhão e poderão migrar, em parte, para a ferrovia. A Standard Logística também é parceira da ALL no terminal implantado em Alto Taquari (MT), que começou a operar na semana passada. Esse terminal cria um corredor logístico de 1,2 mil quilômetros de extensão até Santos, que passará pelos terminais de Paulínia, já operado com a Katoen Natie, e de Cubatão, da própria Standard Logística. Para que a carga chegue ao terminal de Cubatão, será construído um ramal ferroviário que ficará pronto no fim do ano.
O terminal de Alto Taquari começa a operar movimentando 600 contêineres por mês carregados com produtos frigorificados da fábrica da Sadia em Lucas do Rio Verde (MT). A meta é chegar ao fim de 2010 com o transporte de 3 mil contêineres por mês, entre carga frigorificada e seca. O foco estará no transporte de carne suína, de frango e também bovina, diz Demeterco. Segundo ele, a parceria da empresa com a ALL nos diferentes terminais permite escoar cerca de 50 mil toneladas de carnes frigorificadas por mês para a exportação, algo como 10% da média mensal embarcada pelo país para o exterior em 2008, considerando-se os três tipos de carne (suína, bovina e de frango).