MARCONDES MACIEL
Da Reportagem - Diário de Cuiabá
Uma grande comitiva de empresários e políticos, sob a coordenação do Fórum Pró-Ferrovia, irá neste mês de novembro a Brasília para solicitar, ao Ministério dos Transportes e à Casa Civil da Presidência, a inclusão das obras da ferrovia Senador Vuolo no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), no trecho entre Rondonópolis e Cuiabá.
Para esse trecho, de 210 quilômetros de trilhos, serão necessários aproximadamente investimentos de R$ 700 milhões. Atualmente, já está autorizada a inclusão do trecho Alto Araguaia-Mineirinho-Rondonópolis também de 210 quilômetros e custo estimado de R$ 700 milhões. As obras estão em andamento.
As obras que já estiveram paralisadas por seis anos, foram retomadas pela América Latina Logística (ALL) – concessionária da via – no dia 21 de julho. Depois de concentrar esforços na limpeza de valas assoreadas, recuperação de erosões de pequenas dimensões, limpeza de canais de descarga de bueiros e de sarjetas de plataforma, os trabalhos focam a terraplanagem do trecho que sai de Alto Araguaia em direção a Mineirinho. Além de Brasília, o Fórum confirmou, em data a ser agendada, que fará uma visita até o canteiro de obras para ter dimensão dos avanços, após mais de três meses de retomada.
Segundo o coordenador do Fórum, Francisco Vuolo, para o trecho entre Alto Araguaia e Rondonópolis, há necessidade de estudo de impacto ambiental da obra. “O estudo que está sendo feito atualmente contempla o trecho até Mineirinho, numa extensão de aproximadamente 150 quilômetros. Precisamos de autorização para a realização dos estudos complementares até Rondonópolis”, frisou Vuolo.
A expectativa é concluir o trecho Alto Araguaia-Mineirinho em julho de 2010 e chegar com os trilhos a Rondonópolis até o final de 2010 para que a safra 2010/11 seja transportada via trilhos. “Temos um planejamento para o funcionamento da ferrovia até Cuiabá e precisamos trabalhar para que as obras não sofram interrupção em nenhum dos trechos antes de chegar à Capital”, afirmou.
Os trilhos virão a Cuiabá pela região sul do Estado, passando entre a Serra de São Vicente e o Pantanal. Os estudos ambientais para esse trecho também não foram elaborados, o que deverá ocorrer no início do próximo ano. A previsão é de que a ferrovia chegue a Cuiabá em 2014, junto com a Copa do Mundo.
De Cuiabá, a ferrovia deverá avançar rumo a Santarém (PA) e depois a Porto Velho (RO), totalizando uma malha de cinco mil quilômetros. “O objetivo é promover a integração regional e inserir a região Centro-Oeste dentro de um ciclo de competitividade mais forte”, disse o coordenador do Fórum. Segundo ele, o objetivo final do projeto ferroviário é assegurar a ligação bioceânica até ao Pacífico, num total de sete mil quilômetros.
INVESTIMENTOS – Até agora foram investidos cerca de R$ 1,6 bilhão na construção de 500 quilômetros de trilhos desde a divisa com São Paulo, em Aparecida do Taboado, até Alto Araguaia. Foram construídos também quatro terminais ferroviários - em Inocência e Chapadão do Sul (MS), e Alto Taquari e Alto Araguaia (MT) - além da ponte rodoferroviária sobre o rio Paraná, interligando Mato Grosso a São Paulo.
Para a ferrovia chegar até Cuiabá são necessários mais R$ 1,4 bilhão em investimentos. Na avaliação do coordenador do Fórum, Francisco Vuolo, a extensão dos trilhos da ferrovia Norte-Sul até Mato Grosso será muito importante, pois além de dar mais uma opção de transporte, promoverá a integração ferroviária das regiões brasileiras.
“Esta integração será o grande agente uniformizador do crescimento autossustentável do país, na medida em que possibilitará a ocupação econômica e social do cerrado brasileiro - com uma área de aproximadamente 1,8 milhão de quilômetros quadrados, correspondendo a 21,84% da área territorial do país, onde vivem 15,51% da população brasileira - ao oferecer uma logística adequada à concretização do potencial de desenvolvimento dessa região, fortalecendo a infra-estrutura de transporte necessária ao escoamento da sua produção agropecuária e agro-industrial”, destaca. Na avaliação de Vuolo, a ferrovia será a redenção econômica de Mato Grosso e marcará um novo ciclo de crescimento para o Estado.